Máxima IV


Nunca esquecer que o tempo só faz sentido enquanto perspectiva pessoal, apenas compreendido pelo entendimento humano, i. é, só se pode definir tempo na medida em que ele é inteligível. E, é assim que apercebemo-nos que ele tem um princípio e um fim, mesmo que não consigamos integrar na nossa vida1.

Do princípio não falo, pois se aqui estamos é porque ele já aconteceu, e, como tal, em nada nos afecta. Quanto ao fim é necessário que não se viva em função dele, pois ele não nos pertence, nem nunca nos pertencerá.

«A morte não é nada para nós, pois, quando existimos, não existe a morte, e quando existe a morte, não existimos mais.» Epicuro



1O início e o fim da vida, o nascimento e a morte, são momentos que não conseguimos conhecer por experência própria, ou seja, apenas na vida de outrém podemos vivenciar tal acontecimento, logo é um facto que não conseguimos integrar na nossa vida.

5 comentários:

Anónimo disse...

agora a Maxima 5 tem de ser sobre o esforço de desapego a vontade que sentimos em perpetuar a nossa vida depois da morte (deixar uma marca, uma impressão nossa) e parece-me que ficas com uma filosofia completa (com principio meio e fim)

... e depois sobre a qual se pode continuar a escrever e a deduzir conclusões - não me interpretes mal, não quero que pares de forma alguma.

abraço!

AFT disse...

concordo plenamente. agora que já se falou de como se deve encarar a vida, e se chegou à parte em que raspas as arestas dos limites dessa vida em que nos inserimos para fora da equação, falta isso para se tornar uma tese "redonda"!

...és de facto extremamente inteligente ricardo franco.

grande blog sim senhor, mas olha lá, porque é que com tanta gente inteligente com quem te dás do curso de filosofia, apenas comenta este senhor? onde está por exemplo o pedro de souza que é dos mais fabolosos, ou o manuel jerónimo que é dos mais (?), hmm?

cumprimentos

Eris disse...

Pois bem, assim fundamentas muito bem a afirmação tertuliana bombástica que proferiste aqui há uns tempos de que a morte não existe... Ainda assim, não concebo essa situação da mesma forma que tu... Nas coisas da vida precisas, na maior parte das vezes, de "bater com a cabeça na parede para saber (não só que dói mas) a dor". Nas coisas da morte, não penso que assim o seja. Podes não conhecer a morte como tua, podes não ser enquanto a morte está a ser, mas garanto-te, que não precisas de morrer para que a morte exista, para ti. Passando a explicar melhor, existem situações tais que te levam a perceber que ela está aí e para ti também. Ninguém que teste a sua mortalidade, literal ou figurativamente consegue viver à parte da morte depois disso, ainda que tente e sobreviva, será um eterno morto-vivo...

Mas só para cortar aqui o tom negativista, esse pessoal zombie tende a ser muito bom para o enriquecimento alheio... (dão bons artistas). Ah e também, com alguma piada, um monte de fantasmas decadentes, quando se junta, tende a formar uma massa que a ela própria se sustenta, como sendo de carne e osso... E ainda acredito que aí se encontram egos de carne e osso (muita carapaça também), apesar dos corpos macerados, os egos são reais- Pessoal, há esperança.(honestamente, e com todo o carinho)

AFT disse...

calma calma. é bom esclarecer que ha uma diferença muito grande entre saber o que a morte é entre um efeito que obviamente a prjeção de que dela fazemos ter consequencias em nós.

posto isto o que o pastor dz compreende-se muito melhor. o que ele defende é uma forma de encarar o problema que resulta. tb existe outra que resulta e que é deixar que o acontecimento hipotetico da morte domine a nossa vida (sim hipotetico - a morte não é uma realidade para ti neste momento tu has de morrer um dia, provavelmente não amanha, provavelmente nao daqui a 1,5 segundos, tu pensas que és "provisoriamente eterna" - o que não significa que não a vejas constantemente em tudo o que rodeia e que penses nela de 5 em 5 minutos)

aquilo do "a morte não existe" é só uma forma possivel de encarar o prob

Pastor disse...

Exacto AFT, ainda mais tendo em conta o objectivo do blog... são Máximas de como encarar a vida numa busca de felicidade.

E já agora pedia que aguardassem pelo desenvolvimento do blog, porque daqui para a frente a Morte vai ser o tema central.

Nota: Eu na tertúlia defendi com unhas e dentes algo em que eu mesmo não acreditava (em sentido literal), isto porque estava a testar-me até que ponto era capaz de defender a não existência da morte. E quer queiram quer não, dei-vos luta haha
Aqui não se trata disso.